janeiro 08, 2010

Triste Trópico


“Uma exposição muito inteligente. Atílio/Nenna informa e conduz o espectador através de suas últimas experiências e apresenta um resultado sério, coerente, dimensionado na sua data e muito bem situado em relação às vivências que acumulou neste período”. Palavras do escultor Maurício Salgueiro no convite/programa da mostra ‘Triste Trópico’. Em outubro de 1975.



Como ainda não existia em Vitória um ‘cubo branco’, fui obrigado a trabalhar o precário espaço disponível no foyer do Theatro Carlos Gomes com um conceito hoje denominado ‘specific site’. Para lutar/complementar os espelhos do teatro, levei os meus. E trilha sonora de Tom Jobim.

O foco principal era apresentar a gravura que deu nome a exposição, impressa em off-set, com 32 das 100 cópias mostradas como num supermercado, tinha também a função de resolver o problema da insistência dos amigos em ter uma obra minha ‘na parede’, já que eu não frequentava o inexistente mercado de arte local.

O ambiente incluía ainda três espelhos e uma primeira versão dos ‘embrulhos transparentes’, que depois seriam mostrados no MAM carioca. Na imagem principal bastante deteriorada que ilustra este texto, vemos os três espelhos e as gravuras simetricamente colocadas nos stands. Em cima do cubo em frente aos espelhos, está um pequeno ‘transparente’.



A mostra foi um sucesso bacana e considerada ‘a mais bem sucedida exposição realizada em Vitória esse ano’, por Arlindo Castro, em A Gazeta, que dizia ainda: “Atílio/Nenna demonstra estar bem atento para a atual – mas que não é nova - tendência dos artistas gráficos nacionais de buscar, de procurar formular um design brasileiro. Isto é, que una o mais atual no panorama internacional a certos elementos, símbolos e cores próprios da cultura popular brasileira – que representa possivelmente o mais fértil ponto de partida dessa pesquisa, que não deixa de apresentar pontos em comum com a tropicália, particularmente com o trabalho de Hélio Oiticica e Rogério Duarte.”

Como sempre, deixei recado extra: “É necessário e urgente – nessa capital – que se crie algo que se possa realmente identificar como uma galeria de arte. Um museu fica pra mais tarde.”

[na imagem menor, a gravura 'Triste Trópico'. na foto final, detalhe do espelho 'Lost Tropical Paradise']

Nenhum comentário:

Postar um comentário