janeiro 07, 2010

Paraíso Tropical Perdido


Lost Tropical Paradise. A percepção/desejo de uma estética ‘tropical/antropofágica’, pós semana de arte moderna de 22 e tropicalismo - ainda sem as possibilidades da internet - se fortaleceu na grande babilônia entre a Bleecker St. e a 2ª Av.

E parti pruma viagem pelas praias e sertões até Terezina, no Piauí. Um mergulho na cultura popular, com destaque para as pinturas sobre vidro com transparências e papel laminado, que tinham influenciado diretamente as ‘Bandeiras’ e ‘Espelhos’ desde 1970. E a beleza das garrafas de areia de Timbau, no Rio Grande do Norte. Tristes Alegres Trópicos.

Na mesma época, 1973, rebocado por Rogério Medeiros, fui cair no universo mágico do Pixingolê, do Armojo, o Hermógenes Lima da Fonseca. Nas noites de lamparina pelos senderos entre Santana, Itaúnas e Conceição da Barra. Nos ensaios da realeza do Ticumbí, barqueando no Cricaré... ouvindo Jongos e criando amizade com Antonio Rosa, mestre do canivete e sua escultura originalíssima.

Os amigos mais próximos também participavam dessa sintonia naquele momento. Arlindo Castro [que gravou um compacto para o Bandes, com Reisados, Ticumbí, Jongo], Hilal [que pintou bandeira de São Benedito para o Ticumbi], Rogério Coimbra [ouvindo atento o mestre Pedro de Aurora], Flávio Santos [que fotografou muito]... depois o cineasta Orlando Bonfim, que documentou quase tudo e acabou ficando por aqui...

Até 1975 fiquei flutuando nesse universo, quando decidi mostrar novos trabalhos, mesmo com a cidade, Vitória, mais uma vez, sem uma única galeria de arte! O purgatório na província...

[foto do violeiro e mito do Ticumbí, Chico Danta, por Nenna]

Um comentário:

  1. Pedro de Aurora, certa vez, , quando estávamos em sua morada, no negro meio do mato, êle, já cego, levantou o rosto para o céu da noite e disse: É muita coisa !

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