setembro 03, 2009

Presença carioca – II



No segundo número de “Presença”, o jornal foi publicado já com as naturais dificuldades de iniciativas alternativas: publicidade, distribuição. Mais uma vez, nosso jornalista de sempre, Rubinho Gomes, esclarece em texto de 1999:

“Torquato Netto me remete ao mesmo Rio que me acolheu depois do Festival, quando ‘inventamos’ um jornal alternativo chamado “Presença”, de setembro a novembro do mesmo ano de 1971, outra contribuição que demos ao movimento revolucionário de resistência. Foram duas edições de um jornal de circulação nacional que viabilizamos juntamente com personalidades históricas da contra-cultura como Antonio Henrique Nietzsche, Euclydes Marinho, Raul Pedreira, Gracinha e Nelsinho Motta, com colaboradores lendários como Hélio Oiticica, Torquato Neto, Jorge Mourão e seus Archivos Impossibles, Joel Macedo, Antonio Bivar, Zé Vicente, Celso Mendes, Nenna B (quando ainda assinava Atilio Gomes Ferreira), mais todo o pessoal do Teatro Ipanema que estreava ‘Hoje é dia de rock’ do Zé Vicente e tantos outros. Tudo aconteceu porque “tinha que acontecer”, na falta de outra explicação, da mesma forma como Torquato Neto referiu-se ao nosso Guaraparistock como ‘o festival que foi feito porque tinha que ser feito’...”

No segundo número fiz uma página dupla utilizando uma gravura antiga, a mesma usada no cartaz do Festival de Guarapari, em montagem com uma foto do Julian Beck, do Living Theatre, clicada em Ouro Preto pra onde fui em companhia do músico/mito mineiro Marco Antonio Araújo.

Poucos dias depois da foto, os integrantes do grupo de teatro [um dos mais importantes de sua época], foram presos pela ditadura militar e após um rumoroso processo, e reclamações internacionais, foram deportados.

Recentemente o governo brasileiro se desculpou, condecorando a esposa de Julian, Judith Malina que lançou livro com os diários da prisão.

[Ilustrando: página de Presença, 1971 e foto de Julian Beck, por Nenna]

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